MÚSICA “CONTEMPORÂNEA” PRÉ/PÓS 25 DE ABRIL

Pré/Pós - Declinações visuais do 25 de Abril

ARS AD HOC APRESENTA OBRAS DE FILIPE PIRES, ÁLVARO SALAZAR, CÂNDIDO LIMA E AMÍLCAR VASQUES DIAS ARS

Auditório do Museu
19 MAI 2024 | 18:00

Bilheteira

Bilhete: 7,50€  Estudante/Jovem, maiores de 64 e Amigos de Serralves: 3,75€

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1905 ARS AD HOC MAI
"Bertino, “25 de abril”, 1974, Guache sobre papel, Col. Galeria Alvarez / Jaime Isidoro, Porto © Fotografia Filipe Braga

A cena musical em Portugal durante o regime do Estado Novo esteve condenada ao empobrecimento, muito em resultado de políticas de desinvestimento institucional, de atrofiamento dos programas de ensino musical – praticamente reduzido a um ensino técnico -, e da implantação de lógicas de acessibilidade fortemente conservadoras. 

O interesse do Regime pela música era diminuto, centrando-se de forma pragmática na simplificação do folclore em formas de música popular que simbolizassem o nacionalismo e a tradição rural, e na repetição dos temas clássicos mais conhecidos, nomeadamente sinfónicos e óperas, com concertos acessíveis apenas às classes sociais altas.

A renovação criativa era reprimida, tudo o que pudesse levantar questões era silenciado, e as intenções sociais e políticas dos compositores e artistas eram fortemente escrutinadas e censuradas.

Apenas nos anos 1960 se começaram a sentir ventos mais consistentes de mudança, muito em resultado do trabalho desenvolvido pela Fundação Calouste Gulbenkian e dos contactos que alguns compositores e músicos, vários deles exilados, começaram a manter com os desenvolvimentos musicais em importantes escolas e centros europeus.  

No entanto, não será possível afirmar que a Revolução de Abril e os anos que imediatamente se lhe seguiram tenham assistido a um aumento da produção de música de vanguarda. As atenções então quase todas viradas para a música de intervenção política e social, as discussões culturais capturadas por discursos e ações partidárias - sendo que muitos músicos eram comunistas militantes -, e a crise económico-financeira que se seguiu à revolução, contribuíram em grande medida para um bloqueio e até retração dos progressos. 

Mas, inevitavelmente, a liberdade conquistada acabou a abrir caminhos e, assim que as instituições democráticas se estabilizaram e com o regresso a Portugal de vários compositores nacionais, o lugar das vanguardas musicais foi sendo consolidado.


O programa deste concerto inclui obras de alguns dos protagonistas desta história, do lado da inovação e da liberdade criativa. 

“Litania” é uma peça acusmática composta nos estúdios do Groupe de Recherches Musicales (GRM) em Paris por Filipe Pires, um compositor e musicógrafo cuja obra é marcada por uma grande liberdade estilística e expressividade pessoal. Pires foi também crítico e importante interveniente em reformas no ensino musical. 

“Palimpsestos II” para flauta pertence a um importante grupo de peças do repertório do compositor, maestro, organizador e professor Álvaro Salazar. Um respeitado intelectual, Álvaro Salazar tem também ele um percurso internacional e é um especialista em análise musical. Em 1978, fundou o agrupamento de música contemporânea Oficina Musical. 

“Meteoritos” é uma obra de Cândido Lima marcada pela experimentação de novos conceitos e estruturas. Foi composto numa altura em que o compositor, fortemente influenciado pelo contacto próximo com Iannis Xenakis, assumia cargos de responsabilidade como professor. Lima teve um importante papel na divulgação da música de vanguarda com uma série de programas para a RTP transmitidos no início dos anos 1980. 

“Raiz” foi composta por Amílcar Vasques Dias no Conservatório Real de Haia onde estudou. Foi na Holanda que, durante 14 anos, Vasques Dias desenvolveu a sua atividade pedagógica e artística enquanto pianista e compositor. Em 1975, iniciou um estudo da música de José Afonso sendo autor de várias recriações da mesma. 


PROGRAMA

FILIPE PIRES (1934-2015)

LITANIA [1972] 15’


ÁLVARO SALAZAR (1938) 

PALIMPSESTOS II [1967/74]

CÂNDIDO LIMA (1939)

METEORITOS [1973] 12’

AMÍLCAR VASQUES DIAS (1945) 

RAIZ [1977] 13’



Ricardo Carvalho > Flauta

João Casimiro Almeida > Piano

Diana Ferreira > Direção artística

Arte no Tempo > produção


Coprodução:

Arte no Tempo

Fundação de Serralves


A Arte no Tempo é uma estrutura financiada pela República Portuguesa – Cultura / Direção Geral das Artes.

O ars ad hoc é um projeto apoiado pelo Banco BPI e Fundação “la Caixa”.

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